domingo, 6 de novembro de 2011

O festival das cores: Happy Holi!!

Eu sempre achei que a melhor parte de viajar é fazer uma imersão total na cultura, língua e chegar perto das pessoas locais, sem medo ou preconceitos. Por isso, estar em um país Hindu nas comemorações do Festival das cores é uma experiência a parte, super interessante, colorida, barulhenta e que com o passar dos anos escolhe suas principais "vítimas": os turistas.

O feriado de Holi, originalmente chamado de Holika, tem um existência que ultrapassa séculos antes de Cristo. Acredita-se que o seu real significado mudou durante os anos mas inicialmente era um rito especial que as mulheres casadas faziam pelo bem-estar e felicidade de suas famílias.  A verdade é que o feriado tem inúmeros significados de cunho religioso, social, cultural estando sempre ligado a lendas onde o bem ultrapassa o mal e acaba vitorioso.

Ele é celebrado na primavera em todos os países com um números significante de seguidores do hinduísmo e a comemoração é atípica: pessoas jogando tintas e águas coloridas umas nas outras gritando Happy holi!! 
Para sorte dos turistas que se interessam em brincar de Holi, as tintas usadas são todas artesanais feitas de açafrão, extratos de flores e outras fontes naturais que podem sem preparadas em casa. As cores são vivas, vibrantes e tão atraente aos olhos que se tornam únicas. Vale muito a pena ver de perto e participar da festa.

Algumas dicas para quem for participar:

- Os locais jogam das janelas a água colorida, logo, não fique com raiva quando tomar aqueles banhos surpresas vindo do céu VÁRIAS vezes.

- As crianças colocam a água dentre de bexigas e jogam. Algumas são gentis, outras não. Então tem que ter paciência e não reclamar.  Eu fiquei com vários pontos roxos pelo corpo por conta dessa brincadeira.

- Usem roupas velhas. Lavei as minhas várias vezes mas a tinta vermelha, em especial, não saiu de jeito nenhum. Tive que jogar a roupa fora.

- Se tiver havaianas, use. 

- Leve sua máquina bem protegida porque senão ela vai tomar um banho.

- Para as mulheres: não saiam para brincar sozinhas. As crianças e adolescentes andam em grupos 
e quando veêm turistas miram direto na gente sem dó. Eu e as meninas que foram comigo passamos por algumas situações chatas com meninos vindo para passar a tinta e se aproveitando da situação dando umas escorregadas nas mãos. Ter um homem do lado vai ajudar nesse sentido.

- Tirem fotos dos locais, a celebração é linda e enche aos olhos de quem vê.

No mais, aproveitem!!! Os nepaleses se mostravam muito felizes e satisfeitos ao nos ver participando com tanta alegria dessa festa que não faz parte da nossa cultura mas que tem um grande significado para o eles.









Já leu a introdução ao Nepal?? Veja aqui tudo que pode te ajudar na visita ao país!

domingo, 30 de outubro de 2011

Bhaktapur: A cidade real e as surpresas de Changu Narayan

Nagarkot é uma vila cerca de 30 km de Kathmandu localizada nas montanhas e perfeita para quem quer ver um Nepal diferente!! Resolvi acordar as 4 da manhã e pegar um carro até o ponto mais alto de Nagarkot. De lá, após assistir um pôr-do-sol inesquecível iniciei minha caminhada de 4 horas que incluiu uma passagem por inúmeras vilas newaris (uma das castas local), o perfeito Templo de Changu Narayan e um final do dia em Bhaktapur, uma das principais cidades reais do Nepal e que dá o nome a região.

Esse lado do campo do país me marcou pela sua simplicidade e singelo e genuíno jeito de viver. A atração principal de Nagarkot é ver de perto como é a vida de um Nepalês, um povo que ainda vive em extrema situação de pobreza e tem uma inacreditável simpatia e carisma. Duas coisa me comoveram muito: por todas as casas onde eu passava as pessoas me ofereciam comida, leite e doces. A segunda coisa é que as crianças me paravam nas ruas de terra para pedir.... advinhem? Não era comida, nem dinheiro nem bala. Era CANETA! Sim, esse objeto tão comum é um verdadeiro objeto de desejo para as crianças. Perguntei para meu guia e ele disse que essa estranha "paixão" é porque eles acham que as nossas canetas são melhores e duram mais. Além disso claro, algumas crianças não tem sequer dinheiro para comprar uma canetinha e por isso pedem para os turistas.
Fiz a caminhada com um guia chamado Deepak e quem quiser o contato me avise que passo.



Apaixonante!!!!
Colheita muito comum no Nepal e um das principais
fontes de renda da região

O formato das montanhas é em degraus para evitar inundações
nas estações de chuva


Típicas casinhas de Nagarkot






No meio da caminhada meu guia veio com um programa diferente. Visitar um Templo há muito já esquecido pelos turistas mas um dos mais importantes monumentos do Nepal. O Templo Changu Narayan data do século 3 depois de Cristo e destaca-se do ponto de vista artístico, religioso, cultural, histórico e arqueológico! Ufa! Quase perdi o fôlego escrevendo tudo, haha. O templo é antigo, bemmmm menos preservado que os outros mas vale pelo seguinte: provavelmente só vai ter você e mais 2 turistas. No meu caso era eu e mais uma!!!!! Isso faz com que a visita seja realmente uma experiência espiritual. A gente deixa até de tirar fotos para admirar as estátuas perfeitas que datam do século 7. 


Viu só?? Só tinha eu no templo!
Portões de ouro no templo principal que
só é permitdo a Hindus.
Uma riqueza impecável!



Minha estátua favorita foi a Vishworup. É a estátua mais antiga fora de um templo no Nepal. Para quem olha para a estátua, o lado esquerdo representa o céu e o lado direito o inferno e bem no meio está o Deus Vishnu. A estátua retrata como surgiram as 4 castas do Nepal: da boca de Vishnu saíram os Brâmanes (conhecidos por sua habilidade em falar), dos braços os Chitris (também chamados de guerreiros), das maõs os Newaris (conhecidos por seus artesenatos) e dos joelhos e pés os Sutras (voltados para trabalhos mais manuais e simples como costurar e fazer consertos). 
(Só um lembrete: apesar de hindus como os vizinhos da India as castas podem sim sofrer ligeiras diferenças nos nomes mas se ligados as suas "especialidades" podem ser correlacionadas).

Estátuas estão por toda parte!



Mais ouro...
E ouro...
Vishworup em pessoa! Parcialmente destruída
por conta de um terremoto mas ainda com muita
história para contar
Mas o dia ainda não estava no fim e para fechar com uma chave de ouro minha última parada foi Bhaktapur! A cidade real mais importante e grandiosa no Nepal!! O magnetismo é a primeira vista e o tamanho também! Os templos, palácios, praças são tantos que talvez em uma visita não se veja a cidade toda nos detalhes. Pinturas, esculturas, alvenaria, fundição de bronze, jóias, cerâmica, é isso que se vê ao chegar nesse complexo de templos que parece que não acaba nunca. 

Claro que a famosa Durbar Square é o centro de tudo e abre a visita com um fenomenal portão de ouro. Para mim os pontos imperdíveis são: O Palácio das 55 janelas, o Templo de Siddhi Laxmi, o Portão de Ouro e o Praça Taumadhi, com o templo mais alto do Nepal. 

Olha eu lá em cima!! Uma formiga!


O Portão de ouro



 

Siddhi Laxmi, meu favorito!!!
Palácio das 55 janelas



Muita arte para ser apreciada!


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domingo, 16 de outubro de 2011

Os Sadhus de Pashupatinath

O Nepal é sem dúvida um dos destinos mais baratos para se visitar. Claro que você leva exatamente o que paga, por isso nâo vale escolher um Guesthouse de 2 dólares e reclamar depois. Pelas minhas andanças no Thamel fiz duas descobertas que quero compartilhar:

- O Hotel Mandap.  É decente, limpo, cama gostosa mas acima de preço dos Guesthouses (Cerca de 25 dolares o quarto) mas valeu a pena. Tem wi-fi no prédio todo e um restaurante de tirar o fôlego! Uma comida bem barata e muito boa (e limpa). Além disso a localização é excelente. Bem no centro do Thamel e perto de várias lojinhas. Para quem se interessar é só conferir no endereço www.hotelmandap.com.

- Existem no Thamel MILHARES de agências de turismo. Eu vou recomendar uma que organizou minha viagem para Pohkara pois além de organizada tem como chefe uma mulher super fofa,  simpática e me passou confiança e presteza em tudo que fez. O bom é que essa agência além de organizar trekkings pelo Himalaya faz qualquer pacote que você pedir. Quanto ao preço não tenho muitas referências pois essa foi a única que entrei e como gostei fechei por lá, mas se você quer fugir do risco de ser enganado recomendo procurar lá também. O endereço é www.trekkingtrails.com. O nome da empresa é Himalayan Trail Finder e a dona chama-se Shanu (aiiiii, adorei tanto ela que pagaria tudo de novo).

Depois dessas dicas super quentinhas chegou a hora de passear pelo Nepal e dessa vez, iniciando o dia em super alto estilo.... 
Depois de cruzar o rio Bagmati chega-se no mais importante templo para o Deus Shiva: Templo de Pashupatinath. O templo mais antigo de Kathmandu leva o nome do deus dos animais e é um lugar de peregrinação constante no Nepal. Dentro do site há um complexo de pequenos templos e santuários chamado de Panch Deval, decorados com domos de ouro maciço onde a entrada de não hindus é proibida, por isso ficamos só com o gostinho de entrar e admirar de fora a beleza das contruções.

Na época dos grandes reinos, a margem do Rio Bagmati apenas cremações reais ocorriam. Hoje porém, as cremações são abertas ao público e significam um ato de purificação física que devolve ao corpo os cinco elementos necessários para a reencarnação: ar, água, fogo, céu e terra. Como acredita-se que o mínimo de sete sacramentos devem ser alcançados para o corpo estar devidamente preparado para a reencarnação os bebês não são cremados e sim enterrados. Além de cremações, pessoas se banham no rio, juntamente com vacas e os macacos, que parecem estar em todos os lugares no Nepal.

Porém os personagens mais notórios desse templo são os Sadhus. Esses homens sagrados que renunciam sua vida para viver algo "superior" em busca da iluminação e elevação espiritual. Cortam seus laços com suas famílias, se desfazem de qualquer bem material, comem uma comida simples e se vestem de pouco ou nenhuma roupa. Na tradição hindu a renúncia é uma prática comum que pode levar anos, junto de um guru, trabalhando com uma espécie de servo até que o indíviduo esteja realmente preparado.Eles podem ser encontrados em templos e ashrams e realizam benção em casamentos, removem demônios e dizem curar pessoas. Bem eclético né?
Vale muito uma foto com essas figuras peculiares por 100 rúpias (cerca de 2 dólares).











Como a diversidade é a marca registrada do Nepal nada como sair de um grande tempo Hindu e visitar o visitar o templo budista mais importante do Nepal: Boudhanath. A grande stupa* do ano de 600 DC foi destruída em uma invasão mongol e reconstruída no século XIV sendo considerada hoje uma das maiores do mundo. Os misteriosos olhos de Budha nas quatro direções marcam o templo construído nas mais perfeitas porporções onde cada pequena parte tem um importante significado religioso.












Dizem que a stupa foi construída com alguns ossos do próprio Siddhartha Gautama, verdade ou não ela é um enorme centro de peregrinação que tem 108 estátuas de Budha representando os aspectos da consciência iluminada para alcançar a verdadeira transformação espiritual. Além disso monges tibetanos estão por todos os lugares por conta de pequenos templos ao redor da stupa e as inúmeras rodas de oração dão um toque ainda mais espiritual ao local.

Vale a pena escolher um restaurante e comer por lá, isso permite uma vista maravilhosa da stupa e de seus milhares de visitantes!

Dica de restaurante: BOUDHA STUPA Restaurant & Cafe, gostoso e com TODA  vista do templo pois fica no alto.

* Stupa: É um estilo de monumento que completa um templo. Sua arquitetura reflete de forma simbólica o caminho para uma maior espiritualidade, por isso o formato de degraus até chegar na torre.


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