quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Macau: A colônia portuguesa do outro lado do mundo

Viajar para Hong Kong pede obrigatoriamente uma passadinha em Macau. E um dia é suficiente para sentir os ares dessa peculiar e interessante Região Administrativa da China que foi a única colônia Européia na China.  A ida é muito fácil, basta pegar um ferry boat no China Ferry Terminal, fácil de achar para quem vem andando do Victoria Harbour (vai andar muito mas chega), passa pelo Harbour city e tchanam,  chegou!!

Como queria aproveitar o dia peguei um dos primeiros ferries do dia, o transporte começa as 7 e acaba as 10 e meia da noite, sendo um ferry a cada meia hora. A viagem leva cerca de 70 minutos e custam cerca de 175 dólares de Hong Kong (uns 22 dólares americanos). Duas coisas MUITO importantes: como Macau é uma zona independente, existe uma imigração na chegada por isso tem que levar passaporte. A outra é comprar logo na ida o seu ticket de volta, eu passei o maior perrengue porque não tinha mais ticket de volta já que era um domingo e estava todo mundo voltando pra HK. A sorte foi que abriram um ferry extra e bemmmm mais caro (uns 60 dólares americanos) que eu não tinha escolha de não pegar pois meu voô era no dia seguinte de tarde (sem contar que eu estava sem intenções de dormir por lá).
Com tão pouquinho tempo eu resolvi seguir um capítulo dedicado a Macau no meu Lonely Planet de HK que tem um super "One day walking tour"com os pontos principais começando pelo Largo do Senado, uma praça pavimentada com as famosas pedras portuguesas, o correio central ao lado e localizada na famosa e principal Avenida de Almeida Ribeiro. Aliás, se achar em Macau não é um problema para nós por conta dos nomes das ruas: Avenida Lisboa, Rua Cidade de Cintra, Avenida da República, Rua dos Negociantes, Rua da Madeira e etc...
Largo do Senado
As placas indicam os nomes das ruas (Primeiro em cantonês, depois Português)



O problema é achar quem nos entenda quando pedimos indicação de rua falando os nomes em português. Apesar de ter sido ocupada do século XVI até 1999, quando houve a entrega para a China, o português continua sendo uma das linguas oficiais junto com o Cantonês e Mandarim, mas a verdade é que após se tornar uma Zona administrativa da China as culturas tão distintas foram claramente separadas. Os que descendem de portugueses são fáceis de identificar e ainda falam português mas tive uma dificuldade enorme ao tentar falar com os xingue-lingue. Isso porque poucos, muito poucos falam... o português só foi largamente utilizado no auge do comércio Portugal x Asia. Mas atualmente já existem grandes tentativas de manter a essência portuguesa já existindo inclusive escolas que ensinam a lingua.

Continuando o passeio segui a pé até a Igreja de St. Dominic (Ou São Domingos) construída em estilo barroco no século XVII e com sua marcante fachada amarela e janelas e portais verdes. Depois, a Catedral de Macau, seguindo pelo Largo da Sé (sim, estamos mesmo falando de uma região da China), caindo direto nas Ruínas da Igreja de St. Paul, listada pela Unesco como um "World Heritage Site Historic Centre of Macau" devido a sua importância na história da região. Era ali que funcionava um colégio fundado pelos Jesuítas (St. Paul College of Macau) que seria uma espécie de escolas para formar jesuítas que sairiam posteriormente pelo Oriente após o aprendizado do chinês e das culturas locais. Ela foi destruída em um incêndio e fachada ficou, como parte do mais famoso ponto turístico de Macau.
Ruins of the Church of St Paul
As ruínas da Igreja atraem milhares de visitante e é um ponto
sempre lotado em Macau.

Em seguida mais português impossível: cheguei na Igreja de St. Augustine, que fica em frente ao Teatro Dom Pedro V. E cinco minutos depois ao o Castelo dos Mouros, casa onde os oficiais da Marinha Portuguesa vindos de Goa ficavam e que reforça a importância da Ásia nas rotas marítimas de Portugal. As fotos dão um gostinho desse pedacinho europeu no meio do Oriente.
Theatro (sim com TH) Dom Pedro V
Quartel dos Mouros
Placa do antigo prédio onde funcionava a Capitania dos Portos
As antigas construções mantém na cidade aquele ar
colonial português

Muito perto de Macau fica Taipa e Coloane, uma área de finos restaurantes portugueses e casas coloniais. Basta pegar um ônibus que chega-se lá rapidinho. Um das coisas que não poderia deixar de fazer é comer algo tipicamente português. Escolhi então um dos melhores restaurantes de Taipa, o António. Com azulejos portugueses azul e branco, mesas de madeira e um dono que faz pessoalmente sua sobremesa (pedi um crepe Suzete dos deuses!!). O António vem pessoalmente na sua mesa e no meu caso sabendo que eu era brasileira sentou na minha mesa horas e ficou contando da vida em Macau. Foi um final de tarde inesquecível!
A porta do restaurante, para os que se interessarem em ir
António fazendo meu crepe Suzete
Uma decoração muito portuguesa!!
A entrada dos deuses: Queijo de cabra com azeite de oliva e
pão preto com mel, deliciosooooooooo!!
Bacalhau com babatas gratinadas - DELÍCIA!!!!

Em Taipa, reparem na confusão de legendas: Português e
Chinês bem juntos!!
Os restaurantes mantém fachadas em Português mas o
Chinês, lingua majoritária atualmente está sempre
presente.

Também não dá para sair de Macau sem antes comer também um pastelzinho de Belém... ironicamente eles são vendidos por pastelarias chinesas mas fazem sucesso entre todos! Saem quentinho do forno, dá pra comprar vários e ir comendo por todo o dia!
Para quem tiver interesse vale a pena a visita no Maritime Museum que conta a história das grandes navegações pela Ásia e a influência dos portugueses. Em frente, para fugir um pouco de tudo que remete a essa influência tem o Templo de A-MA, datado do século XVII e que se manteve em pé na época da colonização sendo considerado um centro de peregrinação entre abril e maio.


Templo A-MA



No Museu Marítimo réplicas das caravelas portuguesas estão
por todo lugar
PEDRO ÁLVARES CABRAL, o grande
navegador que descobriu nosso
país tem um lugar especial no
Museu.
E para acabar a visita no ponto mais top de Macau: o Hotel Casino Lisboa. Como eu não jogo não entrei mas a visita vale pelos imensos letreiros brilhantes onde o nome "Casino Lisboa" nos remete a algum lugar que pode ser considerado qualquer coisa, menos a distante China.
Que tal tentar a sorte do tradicional Cassino Lisboa?
A cidade toda iluminada pelos Hotéis e Casinos
O maravilhoso e super luxuoso WYNN hotel!

Como chegar: Do China Ferry Terminal  saem catamarãs a cada meia hora de 7 da manhã até as 10 e meia da noite. A estação fica entre o Gateway Arcade e o Harbour City, dois complexos gigantes com lojas locais e grandes marcas internacionais. Bons lugares para quem busca um shopping completo e diversificado. 
Dura cerca de 70 minutos e custam aproximadamente 175 dólares de Hong Kong. 
Uma dica super importante é: compre sua volta na mesma hora que comprar a ida. Isso porque, se por acaso você decidir voltar mais tarde saiba que outras zilhões de pessoas também pensaram o mesmo. Resultado: os tickets acabam e você corre o sério risco de ficar literalmente ilhada (LEVE SEU PASSAPORTE POIS O VISTO É TIRADO NA CHEGADA). 

Onde ficar: Eu não dormi na ilha mas se a hospedagem for de apenas um dia, que tal ousar e ficar no luxuoso WYNN Macau ou no Casino Lisboa?

O que fazer: Dá para dizer que sua estadia na cidade foi competa se você: Comeu pastelzinho de Belém, fez um walking tour e visitou os prédios da antiga colonização portuguesa, escolheu um bom restaurante português (recomendo esse aqui: ANTÓNIO) para fugir da comida local em Taipa, apostou alguns dólares no famoso Casino Lisboa.
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